quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

BAIANÊS (continuação)

Para explicitar melhor o Baianês na prática, modificamos um quadrinho do Chico Bento, personagem de Maurício de Souza.


QUADRINHO ORIGINAL




QUADRINHO REFORMULADO PARA O BAIANÊS


No quadrinho reformulado do personagem Chico Bento, podemos perceber regionalismos como “Oxê”, “Abestalhado”, “Bixin”, “Mondrongo”, “Muriçoca”, “Oxente”, “Estabocar” e “Bixinha”, todos típicos dos regionalismos dialetais baiano, regionalismos dialetais estes que nos permite ilustrar fora da teoria a dificuldade de compreensão que um turista pode ter ao chegar na Bahia, complexificando sua interação com os demais habitantes do local.


BAIANÊS

Todo o mundo sabe que, em relação à cultura, a Bahia ocupa os primeiros lugares em diversidade, até mesmo pelo passado histórico da mesma.
A Bahia é o berço do Brasil, isso é um fato. Todas as culturas passaram por aqui primeiro para depois se espalharem país afora. Tudo isso deu ao baiano um jeito todo especial de ser, agir e falar.
Para exemplificar a variação do dialeto baiano – em relação ao paulista – abaixo segue uma lista de expressões que qualquer cidadão típico da Bahia identificaria imediatamente:
§  Eu vou capar o gato, abrir o gás, circular, me sair: Nada mais é que “eu vou embora”.
§  Fazer tudo a culhão, a migué: É um sinônimo para a popular expressão “fazer nas coxas”, ou seja, fazer a esmo, de qualquer jeito, de forma negligente.
§  Comer água, molhar as palavras, tomar ki-suco: ingerir qualquer tipo de bebida alcoólica.
§  Ôxe! Tá pensando que perna de barata é serrote, que beiço de jegue é arroz doce?: Achou mesmo que ia ser fácil? Esperou mesmo que ia conseguir?
§  Êta! Tá retado mesmo!: É uma expressão muito usada para dizer que “está com a bola toda”.
§  E aí, meu querido! Você é meu peixe, minha corrente!: E aí, meu camarada! Você é meu amigo, te considero muito!
§  Rapaz, você fala mais que a “nêga” do leite: Pessoa tagarela, que não para de falar.
§  Quem manda ter a língua maior que o corpo?: Pessoa fofoqueira.
§  É nenhuma!: Tudo ok!
§  Cabeça de gelo, fique tranqüilo!: Sem problemas, não se preocupe!
§  Ir à festa? Aonde!? Não quero nem conta: Ir à festa? De jeito nenhum, jamais! Não quero nem saber.
§  Tá vendo? Fica aí dando mole!: Perder oportunidades, “vacilar”.
§   (Mulher para mulher): Menina! Seu cabelo está show de bola!: Odiei o teu cabelo, ficou horrível.


A distinção das expressões baianas são tão significativas em relação a outros regionalismos dialetais do Brasil que foi criado até um Dicionário de Baianês, no intuito de “facilitar a vida” dos turistas que visitam a Bahia.



Continua no próximo post...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

FUNCIONALISMO EM LINGUÍSTICA


O Funcionalismo tem por função pensar a função das palavras nos momentos de comunicação/interação. Claramente, nos momentos em que haja diálogos entre dois ou mais atores.

O PONTO DE VISTA TEÓRICO

Em âmbitos funcionais, esta escola descarta o pensamento saussuriano - aquele que considerava a língua como uma forma, preso a isso e nada mais - e também o discurso. Assim, o objeto de análise do Funcionalismo é a linguagem em uso aquém ao processo de interação verbal. A escola funcionalista adere ainda formas distintas de pesquisa, descartando novamente os "modos" de Saussure - já que tudo era baseado no saussurianismo.
Adicionando-se ao grupo dos ramos "veteranos" da Linguística - Sociolinguística, Análise do Discurso, Linguística Textual, Análise da Conversação, etc. - o Funcionalismo não é uma escola recente, pois faz "junção" com a Escola Linguística de Praga, na França, fundada em 1926. Dentro desta escola francesa, surgiu o Círculo Linguístico de Praga, uma espécie de grupo de estudos que reunia estudantes de Praga em discussões sobre a Linguística.
Pioneiro na teoria Funcionalista, Roman Jakobson foi o responsável por estender a noção do funcionamento da língua/linguagem - noção esta que antes retia-se à escola Estruturalista - e de outras funções que consideram os falantes numa dada interação. As funções para Jakobson seriam de ordem emotiva, conotativa, fática, referencial, poética e metalinguística. Estas funções seguiam um esquema proposto pelo próprio Jakobson: numa situação de interação existe um emissor, que transmite uma mensagem através de um canal (a língua), há um receptor, que recebe a mensagem transmitida através de um referente.

Para fins, o que é de real importância para os funcionalistas são:
  • a linguagem como um instrumento de comunicação e interação social;
  • a língua baseada em seu uso real como objeto de estudo.
Essas concepções nos remetem a conclusão de que para os funcionalistas a linguagem é somente um ferramenta que só pode ser explicada com base em funções comunicativas e de interação, pelo fato da própria linguagem capacitar-se a se moldar a função que exerce.